autoBEEografia, por Kelly Caleche

Nhaí, meus amores... Sentiram minha falta? Achavam que eu estava morta? Ainda não!

Então, os 3 leitores assíduos desse bluóg já devem ter entendido como funciona a dinâmica de posts de KC... Eu apareço, assim, uma vez por mês e escrevo qualquer merdinha sobre alguma celebridade só pra manter meu posto de co-autora do bluóg! O post de hojy não vai ser diferentchy!

Vou contar pra vocês sobre um encontro de titãs... Uma releitura manauara de uma história clássica. A gorda e a magra, A gata e a rata, A puta e a mais puta!

É isso mesmo, viadada! Hojy vcs vão ficar sabendo como eu conheci minha ameega ShaShashá, bem antes de ela tentar se tornar a próxima Solange Frazão (a bunyta tá fazendo a dieta da linhaça! ela põe linhaça em tudo, do sundae à buchada de bode).

Tudo começou numa bela tarde de verão em Manaus. Meus amores, sempre é verão em Manaus. Estava eu, L&A numa pacata sala de aula de um pacato colégio tradicional do pacato centro da cidade. Ocorreu um grande erro de cálculo estequiométrico e fui removida da turma dos nerds e viadinhos, pra ser jogado junto com os repetentes, vândalos, biscates e travestis do mal. Foi lá e então que conheci a pessoa que mudaria minha vida pra sempre: Altemar Alexsandro Uiliames de Almeida.

Eram os anos 90 e Altemar era a personificação da bicha neo-cult. Usava camisetas com motivos de Laranja Mecânica, ouvia Pizzicato Five e tinha uma estranha aversão a banhos. Como éramos os outcasts no meio de tanta putaria, fomos instantaneamente atraídos uma ao outro. Sentávamos lado a lado, trocávamos bilhetinhos, emprestávamos CDs e VHS (anos 90, bee, SISSITUA) com recomendações... Assim cresceu uma bela amizade, uma união que seria conhecida no colégio inteiro como "aquelas duas bichas da 203".

Apesar de todo o bullying sofrido por nós duas, eu ainda não tinha certeza das intenções sexuais de Altemar. Ele era tão phemynyna, com um gosto tão singelo e, quando andava, sua bundona farta passeava de leste a oeste, e de volta. Mesmo assim, Altemar insistia que tinha uma namorada chamada Victoria. Eu devia ter desconfiado nesse momento: ninguém em sua sã consciência tentaria disfarçar sua viadagem inventando uma namorada com nome de SPICE GIRL! Mas eu era uma bilu inocente, mocinha, ainda estava no meu terceiro ciclo menstrual e os peitinhos mal tinham começado a brotar.

Um belo dia, Altemar telefona para minha residência com uma confissão chocante. Lembro como se fosse hoje: eu estava de babydoll, sozinha no quarto que dividia com meu irmão Valdisney Miquemáuseo Junior, deitada em minha cama, com as perninhas pra cima, quando Altemar começa o seu discurso bem treinado:

- Amee, sabe o que é? Preciso te contar uma coisa... Acho que a nossa amizade já cresceu o bastante e podemos confiar um no outro a esse ponto. Victoria não é minha namorada. Na verdade, eu sou gay e Victoria é o nome que uso quando me monto.
- Gente, tô passado.
- E vc, amee, não tem nada pra me contar, não?
- Eu não! a gente se fala mais tarde!

Altemar ficou deveras decepcionado com minha resposta e frieza ao telefone. Cinco minutos depois, retornei a ligação:

- Bee, sou viada também.
- Ahhazzou.

No dia seguinte, matamos aula no colégio e fomos assistir a um clássico cinematográfico no Cine Charles Chaplin, que hoje em dia é o cinemão mais bem frequentado de Manaus. Uma outra ameega nossa da época desse pacato colégio hoje em dia é conhecido como "A Advogada do Cinemão", mas isso é história pro post do mês que vem, ou não! Enfim, o clássico cinematográfico em questão era "Cara, Cadê Meu Carro?" (Dude, Where's My Car?). Seann William Scott, cadê vc? MYLYGA!!! O filme é tão bom que acabamos assistindo duas vezes seguidas.

No meio da segunda sessão, duas rachinhas malvadas entraram no cinemão e se depararam com nós duas, fazendo as unhas e gargalhando sozinhas (eram as sessões vespertinas de um cinemão do centro durante a semana). No dia seguinte, o colégio inteiro achava que éramos um casal. Em um dado momento, os bullies pegaram a mochilinha pink da Kipling de Altemar, Tiraram várias edições da G Magazine e pregaram com durex no quadro branco da sala. Foi uma lástima. Meses e meses de material siriricário estavam estragados, rasgados, com pontinhas de durex presas justamente na neca dura!

Altemar não aguentou a humilhação e pediu transferência para um colégio de freiras. Não o vi por quase 7 anos, até que um dia nos encontramos no dark room na buatchy. Altemar estava 20kg mais gorda, mas mantinha a mesma carinha de passiva que eu já conhecia. Foi um escândalo. Estava tocando Get Together, da mamãe, e nós duas soltamos gritos tão estridentes que o globo da buatchy rachou. Voou acrílico pra todo lado! O diálogo de reencontro foi mais ou menos assim:

- BUNYTA!
- PHEMYNYNA!
- AMYGA, nem acredito! Que saudades que eu tenho de você!
- Ai, bee, Ahhazzou na makeup! Shiseido?
- Contém 1g!
- Loosho!
- Ain, me conta! O que tem feito?
- Bee, vai ter um after na casa de uma amiga, vamos todas montadas. Eu sou Kelly Calèche, e vc pode ir de Victoria... Que tal?
- Ai, mulher... Victoria é tão 1998. MuDEI faz tempo! Troquei as G Magazine por DVDs de filmes brasileiros dos anos 70 e 80 e me tornei Shana Shanshada!
- AHHAZZOU!

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